domingo, 5 de julho de 2009

Chega de violência

Dia 24/06/09, por volta das 21h, estavam em casa eu, meus dois irmãos e minha mãe. Meu pai estava ausente, pois estava viajando a trabalho. Um amigo que acabara de chegar de carro chamou meu irmão no portão, e os dois ficaram conversando alguns minutos na calçada. Durante os instantes que eles estavam conversando, um carro com os vidros bem escuros passou por eles e virou a esquina. Meu irmão e o amigo perceberam e decidiram sair dali para outro lugar. Quando ele entrou em casa para avisar a minha mãe e sair dois homens os abordaram com um revolver e entraram em casa.

Eu estava na sala ainda com o prato de comida na mão quando meu irmão passou pela porta com as mãos para o alto dizendo:

- Calma Dezinho! Calma Dezinho!

Logo percebi que era uma assalto e um dos homens estava bem atrás dele com a arma encostada em suas costas. O amigo entrou logo em seguida na mesma situação. Todos nós fomos colocados na sala forçados a olhar para o chão, caso contrário nos matariam.

Enquanto um deles nos mantinha na sala sob ameaças o outro olhava os outros cômodos para verificar se havia mais alguém dentro da casa. Ao se certificar que não havia mais ninguém, o mesmo saiu da casa para chamarr os demais bandidos.

Era um total de quatro bandidos, e uma vez que estavam todos em casa um deles deixou bem claro:

- Nós queremos dinheiro, cadê o dinheiro?!

Eu e minha namorada estavamos guardando dinheiro durante um ano para darmos de entrada no nosso apartamento, e esse dinheiro eu deixava em casa bem escondido. Eu tentei dizer para os bandidos que nós não tinhamos dinheiro e que as únicas coisas de valores que possuíamos eram os eletro-domésticos. Foi quando um deles falou:

- Nós sabemos que tem dinheiro, é "fita dada"!! Faz tempo que estamos "campanando vocês".

Tentamos mais uma vez convencê-los de que não havia dinheiro na casa, mas foi ai que o mesmo bandido disse:

- Ah é? Agora vocês vão falar. "Pega" a faca lá...

Nesse momento eu vi que não poderia mais esconder e disse onde estava o dinheiro. Havia uma quantia alta no qual os fizeram mudar suas atitudes, pois era muito mais do que achariam que iriam conseguir. A princípio eles levariam nossos dois carros mais o carro do meu amigo com tudo que havia dentro de casa, mas como eles conseguiram o dinheiro só priorizaram as coisas de valores pequenas como: laptop, computador, monitor, impressora, video game, entre outras coisas (muitas coisas...).

Ao saírem nos colocaram no quarto da minha mãe e nos trancaram, e disseram para esperarmos uns 10 minutos:

- Como vocês cooperaram nós não precisamos fazer besteira dentro da casa. Esperem uns 10 minutos antes de vocês fazerem o papel de vocês...

Pensamos que estavamos próximo do fim quando o amigo do meu irmão me perguntou se era possível pular a janela. Quando respondi que sim, ele me disse:

- Eu preciso sair, o alarme do meu carro vai tocar!

Essa frase me fez suar frio novamente, pois os bandidos haviam pedido todos os alarmes dos carros anteriormente.

- Cara, porque você não disse que tinha alarme? Você acabou de colocar nossas vidas em risco!!

Uma vez que era tarde demais para contornar a situação, a única opção que tinhamos era pular pela janela e correr para o telhado. Graças a Deus, ao chegarmos no telhado eles já haviam saído no carro do meu amigo apenas nos deixando dentro casa trancados.

Ao sairmos da casa fomos socorridos pelo vizinho que havia saído no portão espantados com os pedidos de socorro do amigo do meu irmão. Enquanto sua esposa tentava acalmar minha mães, eu usava seu telefone para ligar para o polícia. O amigo do meu irmão pediu para um dos vizinhos, que era amigo em comum dele, para dar uma volta no bairro para ver se achavam o carro. Logo eles encontraram uma viatura da polícia civil, e ao dizer-lhes do ocorrido um dos policiais disse com a maior naturalidade:

- Vai para a delegacia.

E continuaram sua patrulha no bairro (??????). Era possível que se eles tivessem feito o trabalho deles provavelmente teriam prendido um dos criminosos, senão todos. Eles continuaram a procurar o carro no bairro quando rapidamente encontraram-no na rua de cima abandonado.

A polícia demorou cerca de 30 minutos para chegar em casa, tempo suficiente para os ladrões fugirem. Cheguei na delegacia por volta das 22h15 e acabara de perceber que meu drama não havia terminado. Já com o carro do meu amigo em mãos nós seguimos a viatura até a delegacia. É estupidamente incrível como um cidadão, que paga seus impostos, é tratado como se fosse algum suspeito quando chega a uma delegacia de polícia. Um dos polícias que chegaram em casa me pediu para se aproximar do balcão para colher algumas informações. Feito isso, pediu para eu e o amigo do meu irmão que acabara de chegar com a namorada (ele havia desviado o caminho para buscá-la na escola) aguardarmos sentado.

Passaram 1h30 quando a escrivã do turno perguntou com o maior descaso:

- Quem é o próximo??

Existia um painel digital para senhas que estava desligado e não havia uma fila indiana indicando a ordem de chegada. Mais uma vez ela disse, no entanto com maior rispidez:

- QUEM É PRÓXIMO?!

Eu levantei, pois ninguém tivera se manifestado. Ela perguntou o que havia ocorrido, e ao terminar de me ouvir simplesmente mandou-me sentar novamente:

- Tem que esperar.

"Eu sei que tem que esperar, para que perguntou quem era o próximo já que não iria fazer a menor diferença", pensei. As 2h da manhã a mesma mulher disse para todos que estavam aguardando sua vez de registrar o boletim de ocorrência:

- Pessoal! Não será possível fazer boletim de ocorrência hoje, o sistema caiu.

Ao perguntá-la se poderiamos levar o carro do meu amigo para casa, pois carro tinha queixa de roubo ela respirou com insatisfação e descaso e respondeu:

- Caiu o sistema!!!

Meu amigo então perguntou-lhe se poderia deixarmos o carro lá para pegar no dia seguinte e com mais desdem do que das outras vezes ela respondeu:

- Quando você vai sacar dinheiro no caixa eletrônico e o sistema está fora do ar o que você faz??

Ouvindo aquela resposta decidimos então que seria melhor deixar o carro lá, e vendo que essa seria nossa atitude ele foi falar com o delegado. Ao voltar ela disse que o delegado autorizou a retirada do veículo e pediu para pegar nossos dados.

No outro dia, 12h30 eu fui a delegacia para novamente tentar fazer o boletim de ocorrência. As informações que passei para a escrivã do turno anterior não serviram de nada, pois tive que dizer tudo novamente para o outro escrivão. Sai da delegacia por volta da 15h30 com o boletim na mão, e ao chegar em casa percebi que no boletim haviam alguns itens que esqueci de mencionar.

Lições aprendidas:
1) Jamais fique no portão, pois esse é o momento mais crítico para uma invasão. Uma vez que você é abordado os bandidos tem todo poder para entrar dentro da sua casa, pois o forçarão a abrir o portão. Se você recebeu alguma visita entre o para dentro da casa o mais rápido possível e feche os portões. E evite despedidas no portão, pois quanto mais tempo passar no portão, mais você estará vulnerável as ações do bandido.
2) Em caso de ser abordado tente não reagir, pois nós temos muito mais a perder e nossa vida não tem valor. Por maior que seja o prejuízo, não é maior que nossas vidas.
3) Evite guardar grandes quantias em dinheiro em casa, e se guardar nunca guarde tudo em um único lugar.

Perguntas:
Esse tipo de ocorrência é comum aqui no bairro. Alguém sabe como podemos nos organizar para poder trazer uma base comunitária fixa para esse bairro?